Sítio Arqueológico Valongo Wharf
Valor Universal Excepcional
Breve síntese
O Sítio Arqueológico do Cais do Valongo está situado na Praça do Jornal do Comércio, na zona portuária da cidade do Rio de Janeiro. O cais começou a ser construído em 1811 para facilitar o desembarque dos escravos africanos que chegavam ao Brasil. Estima-se que até 900, 000 cativos africanos entraram nas Américas via Valongo.
Em termos físicos, a propriedade consiste em várias camadas arqueológicas. A mais baixa delas com pavimento em pé de moleque representa os vestígios do Cais do Valongo. Mais tarde, camadas mais dominantes se relacionam ao Cais da Imperatriz, construída em 1843. A característica da propriedade é que se trata de uma praia coberta por extenso calçamento de pedras lavradas de diversos tamanhos, formulários e funções, com uma rampa e degraus que desce para o mar. Foi construído em um processo aparentemente simples, não em um aterro sanitário, como era de costume, mas diretamente na areia da praia, seguindo seus contornos naturais.
O Sítio Arqueológico de Valongo Wharf é o que há de mais significativo em todo o mundo de um ponto de desembarque de africanos escravizados nas Américas e, portanto, carrega uma enorme importância histórica e espiritual para os afro-americanos. Valongo Wharf pode, portanto, ser visto como único e excepcional, tanto do ponto de vista material quanto no que diz respeito às associações espirituais às quais está tangivelmente relacionado.
Critério (vi):Valongo Wharf é a evidência física mais importante associada à chegada histórica de africanos escravizados ao continente americano. É um site de consciência, que ilustra associações fortes e tangíveis com um dos crimes mais terríveis da humanidade, a escravização de centenas de milhares de pessoas, criando o maior movimento de migração forçada da história. Como o próprio local em que o africano pisou em solo americano e com ele em suas novas vidas como trabalho escravo, o site evoca memórias dolorosas, com o qual muitos afro-brasileiros podem se relacionar fortemente. Preservando essas memórias, a vizinhança do Cais do Valongo tornou-se uma arena para várias manifestações que celebram a herança africana de forma contínua.
Integridade
Os modestos fragmentos de Valongo Wharf, que ficaram expostos ao público após a escavação em 2011, englobam os restos completos do cais de desembarque de pedra original. A função do cais estava originalmente relacionada a estruturas auxiliares, como armazéns, instalações de quarentena, o lazareto e o novo cemitério africano. Estes são perdidos ou preservados apenas como restos subterrâneos na zona de amortecimento e são legalmente protegidos.
Como ponto de desembarque após longas e dolorosas viagens pelo Oceano Atlântico, Valongo Wharf e o mar eram intimamente relacionados. Portanto, A integridade encontra-se presentemente reduzida pelo desligamento entre o sítio arqueológico e a orla marítima que é retirado na sequência de reclamações de terrenos na zona portuária. Para garantir a legibilidade da propriedade, é essencial tomar medidas, que auxiliam na reconexão do mar ao sítio arqueológico.
A intensificação do desenvolvimento imobiliário em todos os lados do imóvel e, em particular, para a frente de mar é uma preocupação, pois continuará a transformar significativamente a paisagem e pode ter impactos negativos na percepção da propriedade. Como futuras escavações podem descobrir outras funções auxiliares do cais, é essencial que investigações arqueológicas detalhadas sejam conduzidas antes que qualquer projeto seja realizado. Enquanto a Área Especial de Interesse Urbano da Região do Porto do Rio, que fica a uma distância de cerca de 50 metros do local, não está incluído na zona tampão, será necessário garantir que os desenvolvimentos não tenham um impacto negativo sobre o Valor Universal Excepcional da propriedade.
Autenticidade
O Sítio Arqueológico do Cais do Valongo preserva os restos do cais de desembarque de escravos do Rio de Janeiro no século XIX. Sua cobertura de terra nos últimos 168 anos permitiu que este local sensível fosse preservado com o projeto da antiga rampa de desembarque, sistema de drenagem e pavimentação. Nenhuma reconstrução foi realizada, o que mantém os vestígios arqueológicos como um reflexo fragmentado exato do início do século XIX. Esses restos são autênticos em termos de seu material, localização, mão de obra, substância e, tanto quanto pode ser percebido, Projeto.
Além disso, os modestos vestígios físicos são altamente autênticos em espírito e sentimento, evocando uma referência de memória e um marcador de identidade para a grande população brasileira de origem africana e afro-americanos em geral. Este aspecto é sublinhado pela criação de rituais religiosos, como o Washing of the Wharf, durante o período de apenas cinco anos em que o local foi redescoberto.
Requisitos de proteção e gerenciamento
O Sítio Arqueológico do Cais do Valongo é protegido pela Lei federal nº 3.924, de 26 de julho de 1961 através do seu registro oficial em 25 de abril de 2012. As disposições desta proteção são executadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como órgão responsável por sua conservação e manejo.
A propriedade é valorizada pela sociedade afro-brasileira, com comunidades comprometidas diariamente com o cuidado e preservação do local. Isso não se expressa apenas no valor religioso atribuído ao local, mas também nos rituais associados estabelecidos. A proximidade física desses atores, e até o fato de uma igreja de culto africano (Iglesia Universal) ficar ao lado do local para organizar encontros regulares, cria um forte sentimento de tutela comunitária da propriedade.
A conservação do sítio é supervisionada pelo IPHAN e apoiada pela Companhia de Desenvolvimento do Porto do Rio de Janeiro (CDURP). Um plano de conservação foi adotado para orientar esses processos. Monitoramento e manutenção regulares são necessários para garantir a proteção do local contra a erosão e a funcionalidade do sistema de drenagem de águas pluviais por meio de bombas. A conservação e o manejo do sítio serão fiscalizados por conselho instituído pelo IPHAN e envolvendo a sociedade civil e federal, instituições estaduais e municipais comprometidas com a preservação do patrimônio cultural e / ou vinculadas a questões de interesse da população de origem africana.
O plano de gerenciamento do local precisa ser finalizado e um corpo de gerenciamento do local com recursos adequados precisa ser criado. Uma interpretação minimalista adicional no local permitirá que os visitantes que não podem visitar o museu obtenham uma compreensão geral do caráter multicamadas do local. Atenção especial deve ser dada à avaliação de novos desenvolvimentos urbanos em termos de seu potencial impacto negativo sobre o Valor Universal Excepcional da propriedade antes de quaisquer aprovações de construção serem concedidas, bem como medidas que visem restabelecer a relação entre a propriedade e a Baía de Guanabara.