Edifício Real de Mafra - Palácio, Basílica, Convento, Jardim Cerco e Parque de Caça (Tapada)

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Valor Universal Excepcional

Breve síntese

O Edifício Real de Mafra é constituído por um Palácio, que integra uma basílica, com seu frontispício axial unindo as asas do Rei e da Rainha, um convento, Jardim Cerco e Parque de Caça (Tapada).

Representa uma das mais magníficas obras realizadas por D. João V, que tinha condições culturais e econômicas excepcionais que lhe permitiram se destacar entre outras monarquias europeias como um poderoso soberano de um vasto império multicontinental.

A começar pela escolha do arquiteto Johann Friedrich Ludwig, um suábio com formação em Roma - este projeto simbolizou uma afirmação internacional da dinastia governante portuguesa. O contínuo fascínio do monarca pela Roma dos grandes papas do período barroco levou-o a encomendar obras de importantes artistas para Mafra, que acabou se tornando um dos locais mais relevantes do barroco italiano fora da Itália.

Por ocasião da consagração da Basílica, em 22 de outubro de 1730, o aniversário do rei, o monumento ainda não estava concluído, mas o projeto estava bem definido e em estágio avançado de implementação:um grandioso complexo de edifícios integrando-se perfeitamente a um palácio real, uma basílica e um convento com sua biblioteca. O Palácio Real dotado de duas torres que, funcionando de forma independente, eram os aposentos privados do casal real; a Igreja, uma basílica decorada com 58 estátuas dos melhores artistas romanos e florentinos, e um conjunto sem precedentes de paramentos eclesiásticos franceses e italianos; duas torres na fachada contendo dois carrilhões encomendados de Flandres e constituindo uma herança de sinos única em todo o mundo; uma Biblioteca com obras de grande interesse cultural e científico, e um dos poucos que foi autorizado a incorporar "livros proibidos", uma coleção notável de incunábulos e manuscritos, bem como uma coleção bibliográfica com um amplo leque de publicações dos séculos XV a XIX. A partir de meados do século XVIII, os novos retábulos de pedra da Basílica foram esculpidos, uma obra de Alessandro Giusti, um artista italiano que fundou, em Mafra, uma escola de escultura. Foi também em Mafra que Joaquim Machado de Castro, o mais importante escultor português do século XVIII, recebeu seu treinamento, além disso, foi no imenso canteiro de obras de Mafra que se adquiriram os saberes e as práticas que se aplicaram à reconstrução de Lisboa após a devastação provocada pelo terramoto de 1755. Destacam-se também os seis órgãos históricos da Basílica, encomendada aos mestres do órgão portugueses, António de Machado Cerveira e Peres Fontanes no final do século XVIII e desenhado e construído para brincar em simultâneo.

O Cerco Garden começou por ser um recinto conventual à disposição dos frades e também para efeitos de corte. Já em 1718, D. João V mandou plantar todo o tipo de árvores silvestres existentes no Império em canteiros bem distribuídos e caminhos largos que favoreciam a organização da área em parcelas simétricas, no entanto, seu layout atual resulta de adaptações subsequentes. O jardim inclui um grande lago central para o qual convergem os cursos de água da Tapada e um poço adjacente associado a uma nora. Isso também contém o incomum campo de jogo de bola, construído sob as ordens dos Cânones Regulares de Santo Agostinho, quando ocuparam o Convento entre 1771 e 1792.

O Parque de Caça (Tapada) foi criado em 1747 como um terreno de caça privado para o monarca, bem como para a agricultura e pecuária, de forma a servir as necessidades do Palácio e do Convento. No final do século 19 e no início do século seguinte, o Parque da Caça foi palco privilegiado das caçadas do Rei D. Carlos I, que chegou a construir um pavilhão, dentro de aproximadamente 1, 200 hectares que compõem esta propriedade.

Completamente, o Edifício Real de Mafra com o Jardim do Cerco e a Tapada oferecem um raro e quase completo exemplo de quinta barroca composta por um palácio multifuncional, um jardim formal e uma tapada, que foram perdidos em outro lugar.

Critério (iv):O Edifício Real de Mafra reflecte a materialização do poder absoluto da época de D. João V, bem como uma estratégia de consolidação do império português e da soberania nacional, afirmação da legitimidade dinástica, uma maior proximidade com as fontes internacionais de autoridade, ou seja, do papado de Roma, bem como o distanciamento da Coroa Espanhola. A dimensão internacional do império português e a grandeza do seu soberano estão na origem do gigantismo desta construção e das opções estéticas tomadas, diretamente inspirado por alguns dos melhores exemplos da arquitetura barroca da cidade de Roma. Outras características deste Monumento contribuem para tornar este complexo residencial real um dos mais importantes da Europa, considerando não apenas seu tamanho e precisão construtiva, mas também algumas peças integradas, como os Carrilhões e os Órgãos da Basílica, conjuntos musicais de excepcional relevância no mundo. O Parque de Caça (Tapada) é um exemplo de criação paisagística em grande escala formando uma unidade territorial de gestão umbilicamente ligada ao Palácio e ao Convento.

Integridade

O Edifício Real de Mafra preservou grande parte do seu histórico, características arquitetônicas e artísticas e inclui todos os atributos que justificam seu Valor Universal Excepcional. As obras realizadas ao longo dos séculos preservaram o edifício, suas proporções e volumes, prolongando sua vida sem mudar sua fisionomia e funções, bem como a Tapada na sua extensão inicial; por outro lado, apenas parte do Cerco Garden reflete seu layout original, tendo sido modificado e reduzido para ampliar o Palácio. Contudo, completamente, o complexo sobreviveu quase intacto e continua a ilustrar os valores ideológicos e princípios estéticos da primeira metade do século XVIII. Dignos de nota são a consistência do design, ritmo, simetria, qualidade estética e harmonia, a dignidade do trabalho, a qualidade impecável dos detalhes e implementação do projeto, a competência construtiva, a boa distribuição de recursos, a gestão prudente da construção e a criação eficiente de espaços de acordo com as necessidades. As ameaças à propriedade estão principalmente relacionadas às amplitudes térmicas severas e aos ventos salinos da costa atlântica, bem como o perigo de incêndios florestais no verão. Melhorias nos terrenos imediatamente adjacentes ao Palácio fortaleceriam a integridade da propriedade.

Autenticidade

Durante seus quase 300 anos de existência, o Edifício Real de Mafra não registou alterações significativas que comprometessem a sua autenticidade, nomeadamente, no que diz respeito ao seu design, forma e materiais usados, registrando apenas pequenas alterações reversíveis. Do ponto de vista da restauração e preservação, a restauração dos seis órgãos da Basílica, a sala do trono, e os Carrilhões (em fase de programação) podem ser destacados. Apesar da política, transformações econômicas e sociais ocorridas entre o século XVIII e os dias atuais, o Royal Building ajustou-se a várias funções diferentes, sem, Contudo, perdendo suas características básicas. Embora tenha deixado de ser residência do Estado em decorrência da Implantação da República em 1910, ganhou status de museu e fruição pública; devido à extinção das ordens religiosas em 1834, o convento começou a hospedar instituições militares até hoje. A Basílica deixou de ser uma capela real, albergando a sede da freguesia em 1836; e a Biblioteca preserva sua missão de apoiar o estudo e a pesquisa. A documentação adicional e o inventário cartográfico da paisagem da Tapada e características históricas contribuiriam para fortalecer a autenticidade geral do Complexo e a compreensão do seu desenvolvimento histórico.

Requisitos de proteção e gerenciamento

O Edifício Real de Mafra está classificado como Monumento Nacional por Decreto de 10 de Janeiro de 1907, publicado no Governmental Journal no. 14 de 17 de janeiro de 1907, Decreto de 16 de junho de 1910, publicado na 1ª série do Governmental Journal, não. 136, de 23 de junho de 1910.

A principal lei que garante a protecção jurídica do Edifício Real de Mafra é a Lei n. 107/2001, estabelecer as bases das políticas e do sistema de normas de proteção e valorização do patrimônio cultural. Para garantir a aplicação desta lei, Decreto nº 140, de 15 de junho de 2009, estabeleceu o arcabouço legal para estudos, projetos, relatórios, obras ou intervenções em propriedades classificadas, estipulando a necessidade de avaliação prévia e sistemática e monitoramento de quaisquer obras suscetíveis de impactar sua integridade, de modo a evitar qualquer desfiguração, dilapidação, perda de recursos ou autenticidade, que pode ser assegurado por um planejamento adequado e minucioso por pessoas devidamente qualificadas. Além disso, existe uma política de gestão responsável que aposta nas soluções ambientais e na manutenção de um diálogo construtivo e aberto com os parceiros e, entre outros, com o conselho para mitigar potenciais impactos negativos do uso indevido de áreas ao redor do monumento, conforme devidamente estipulado pelo Decreto nº. 309, de 23 de outubro de 2009, que estabelece as restrições adequadas para proteger e valorizar as áreas em torno de tais bens culturais.

A Direcção-Geral do Património Cultural foi criada pelo Decreto-Lei n. 115/2012:tem como missão zelar pela implementação da proteção e garantir a gestão, salvaguardando, conservação e restauro de bens culturais protegidos em Portugal.

O Palácio Nacional de Mafra, como um museu, também está sujeito ao disposto na Lei-Quadro do Museu n. 47/2004 e possui um Plano de Segurança, um instrumento obrigatório de acordo com a lei.

A Tapada está sujeita também ao disposto no Decreto-Lei n. 151-B / 2013 e modificação subsequente, Avaliação de Impacto Ambiental, e Plano de manejo florestal aprovado em 2014.

Um protocolo de cooperação foi assinado em 2019 e uma unidade de cooperação foi estabelecida entre as principais entidades responsáveis:a Direção-Geral do Património Cultural, a Escola de Armas, a Tapada Nacional de Mafra, o Concelho de Mafra e a Freguesia de Santo André em Mafra. Uma estrutura de gerenciamento robusta, com base em uma forte coordenação, uma abordagem unificada e compromissos claros são necessários para garantir a sustentação a longo prazo do Valor Universal Excepcional da propriedade e seu aproveitamento total.

Além disso, um programa de conservação, incluindo a definição de prioridades claras e fontes de financiamento, devem ser desenvolvidos pelas instituições gestoras responsáveis. Um plano de conservação para o Cerco Garden também deve ser desenvolvido pela Prefeitura.



Arquitetura clássica
Arquitetura clássica