Cidade Histórica de Ouro Preto






Valor Universal Excepcional

Breve síntese

Fundada no início do século 18, 513km ao norte do Rio de Janeiro, a Cidade Histórica de Ouro Preto (Ouro Preto) cobre as encostas íngremes da Vila Rica (Vale do Rico), centro de uma rica área de mineração de ouro e capital da província de Minas Gerais de 1720-1897. Ao longo da estrada sinuosa original e dentro do traçado irregular seguindo os contornos da paisagem encontram-se praças, edifícios públicos, residências, fontes, pontes e igrejas que juntas formam um notável grupo homogêneo exibindo a fina forma curvilínea da arquitetura barroca. A Cidade Histórica de Ouro Preto foi o centro simbólico da Inconfidência Mineira em 1789, um movimento de independência brasileira, e lar de artistas excepcionais responsáveis ​​por muitas das obras mais significativas do período barroco brasileiro, incluindo a Igreja de São Francisco de Assis, do ilustre arquiteto e escultor Antônio Francisco Lisboa (Aleijadinho). O isolamento da área durante a maior parte dos séculos 19 e 20 gerou estagnação econômica, fomentando a preservação das construções coloniais originais e do padrão urbano.

Critério (i):Situado em uma paisagem remota e acidentada, a qualidade estética da arquitetura vernácula e erudita e o padrão urbano irregular de Ouro Preto fazem da cidade um tesouro da genialidade humana. As obras arquitetônicas mais notáveis ​​da cidade são representadas pelos monumentos religiosos e edifícios administrativos, incluindo o Palácio dos Governadores (Palácio dos Governadores), hoje a Escola de Minas, e a antiga Casa de Câmara e Cadeia (Casa Administrativa e Prisional), casa do Museu da Inconfidência. As igrejas barrocas trazem esculturas de Antônio Francisco Lisboa, Aleijadinho, o maior artista do Brasil colonial, e as pinturas do teto de Manuel da Costa Athaide entre outros. Estes foram os representantes das primeiras expressões de uma forma artística considerada genuinamente nacional e desenvolvida numa região marcada por dificuldades de acesso e escassez de materiais e mão-de-obra no século XVIII.

Critério (iii):O patrimônio edificado da Cidade Histórica de Ouro Preto é um testemunho excepcional dos talentos criativos de uma sociedade construída sobre a riqueza da mineração pioneira sob o domínio colonial português. Embora a arquitetura, pinturas, e as esculturas são baseadas em modelos introduzidos por imigrantes portugueses, as obras variam significativamente da arte europeia contemporânea, não apenas no que diz respeito à sua concepção espacial, mas em seu tratamento decorativo, em particular as esculturas de pedra esculpidas nas fachadas, distinto por sua originalidade e design e no uso combinado de dois materiais, gnaisse e pedra-sabão. A ausência de conventos ou mosteiros formais, devido ao edito da Coroa Portuguesa que proibia o estabelecimento de ordens religiosas em Minas Gerais, levou à construção de igrejas e capelas exibindo todo o esplendor, qualidade, e originalidade das tradições artísticas sincretizadas de duas culturas.

Integridade

A Vila Histórica de Ouro Preto conserva seu núcleo urbano construído no período colonial, incluindo a diversidade de edifícios cívicos e religiosos marcados por qualidades estéticas e arquitetônicas refinadas que expressam Valor Universal Excepcional. Nem todos estão em bom estado de conservação; algumas casas e igrejas sofrem com a negligência.

A cidade histórica é vulnerável ao crescimento urbano, tráfego, industrialização e impacto turístico. A expansão de Ouro Preto para as encostas vizinhas, ocupando terrenos geologicamente instáveis, áreas verdes, áreas arqueológicas, e espaços públicos, representa uma ameaça de danos irreversíveis ao ambiente urbano.

Autenticidade

Os exemplos relevantes de arquitetura religiosa e cívica e as obras de arte que os acompanham em Ouro Preto foram preservados em termos de forma e design, materiais e configuração imediata. O crescimento controlado das áreas circundantes da cidade e os limites na escala de novos edifícios serviram para manter a paisagem urbana dos séculos 18 e 19 dentro da propriedade praticamente inalterada. Em relação às construções residenciais e comerciais da cidade, modificações inevitáveis ​​foram autorizadas, salvaguardando as fachadas originais. As medidas de preservação adotadas pelo Governo Federal com o apoio da prefeitura local, com base em normas de urbanismo e sucessivos projetos de conservação e recuperação têm garantido a autenticidade do bem cultural.

Requisitos de proteção e gerenciamento

Desde a década de 1930, a Cidade Histórica de Ouro Preto tem sido alvo de proteção por meio de uma série de iniciativas governamentais. O primeiro envolveu os Decretos Municipais 13 de 1931 e 25 de 1932 emitidos pelo Prefeito João Velloso, que exigia a “preservação da fachada colonial”. Um ano depois, O presidente Getúlio Vargas designou a cidade como Monumento Nacional. Criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - SPHAN, hoje o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), e a promulgação do Decreto-Lei 25 de 30 de novembro, 1937, colocar em prática os instrumentos jurídicos necessários, que continuam em vigor até os dias atuais, garantir a proteção de todos os bens culturais considerados de valor excepcional para a nação. Com base no decreto, o Marco Arquitetônico e Urbano de Ouro Preto foi formalmente inscrito no Livro de Tombo de Belas Artes no dia 20 de janeiro. 1938.

Começando na década de 1950, a cidade experimentou uma expansão significativa e um aumento nos fluxos de tráfego pesado à luz do desenvolvimento econômico emergente da região, conseqüência direta da intensificação da produção de aço e das atividades de mineração. Em resposta, o Governo Federal construiu uma rodovia ao redor da cidade em homenagem ao primeiro diretor do SPHAN, Rodrigo Mello Franco de Andrade. Uma segunda medida implementada para proteger a cidade do tráfego excessivo de veículos envolveu a construção de um terminal de ônibus na periferia de Ouro Preto para desobstruir o trecho central dos ônibus intra e interestaduais e turísticos. Com o objetivo de valorizar a gestão do patrimônio cultural de Ouro Preto, O IPHAN inaugurou um Escritório Técnico na cidade na década de 1980 com uma equipe multidisciplinar de profissionais. À luz dessas medidas, O Governo Brasileiro apresentou um pedido à UNESCO solicitando a designação da Cidade Histórica de Ouro Preto como Patrimônio Mundial. Em 5 de setembro, 1980, a cidade se tornou o primeiro bem cultural do Brasil inscrito na Lista do Patrimônio Mundial. Em 15 de setembro, 1986, O IPHAN ampliou a designação de patrimônio do local por meio da inscrição no Registro de Marcos Históricos e no Arqueológico, Registro Etnográfico e Paisagístico.

Na década de 1990, foi estabelecido o Grupo de Assessoramento Técnico (Grupo de Assessoramento Técnico - GAT), composto por técnicos representantes do IPHAN e da Prefeitura Municipal, além de outras agências governamentais dedicadas aos esforços de preservação da cidade. O grupo desenvolveu uma série de diretrizes para controlar o uso e ocupação do solo no centro da cidade, oficialmente conhecida como Zona de Proteção Especial (Zona de Proteção Especial). Essas diretrizes foram consolidadas formalmente em uma Portaria específica do IPHAN emitida em 2004.

De forma similar, um conjunto de normas pactuadas pelos diversos níveis de governo serviu para reforçar a versão inicial do Plano Diretor Municipal aprovado pela Lei Complementar 1, de 19 de dezembro, 1996. Dez anos depois, o Plano Diretor foi submetido à revisão e atualizado por meio de Lei Complementar Municipal específica.

Além dessas iniciativas legislativas, o município adotou uma série de outras medidas para regulamentar o uso do solo urbano, em particular através da introdução de projetos arquitetônicos modelo baseados em “Planos de Projetos Comunitários” (“Plantas Populares”) para obras no Município de Ouro Preto, mas fora da área inscrita na Lista do Patrimônio da UNESCO, e a criação do Serviço Municipal de Engenharia Pública e Arquitetura (Serviço Municipal de Engenharia e Arquitetura Pública), encarregada de prestar assistência técnica pública gratuita às famílias de baixa renda na concepção e acompanhamento de empreendimentos imobiliários de interesse social.

Com o objetivo de fortalecer a gestão compartilhada do site, em 2006, o Município instituiu a Secretaria Municipal de Patrimônio e Desenvolvimento Urbano (Secretaria Municipal de Patrimônio e Desenvolvimento Urbano), uma agência composta por uma equipe multidisciplinar de profissionais. A Secretaria apóia os Conselhos Municipais de Patrimônio Cultural e Natural e de Políticas Urbanas e é financiada por meio do Fundo de Preservação do Patrimônio.

Em 2010, O IPHAN emitiu normas estabelecendo critérios para a preservação da Estrutura Arquitetônica e Urbana de Ouro Preto, regulamentando intervenções na área protegida federal, e revogando, no processo, todos os regulamentos anteriores que regem (inclui a área declarada) as questões relacionadas. Também em 2010, O IPHAN emitiu duas normas normativas que visam aprimorar a gestão da cidade:Portaria 187, de 11 de junho de 2010, que regem os procedimentos para a realização de investigações sobre alegadas violações administrativas envolvendo conduta e atos considerados prejudiciais ou danosos às estruturas do patrimônio cultural da cidade, e Diretriz 420 de 22 de dezembro, 2010, que estabelece os procedimentos para autorização de intervenções em estruturas patrimoniais protegidas e respetivas áreas envolventes.

Uma série de desafios permanecem para garantir uma gestão adequada da cidade, aprimorar o planejamento da expansão urbana por meio de controles adicionais sobre a ocupação das encostas vizinhas, regular o planejamento geral de tráfego na zona urbana ao redor da área protegida, e efetivamente desenvolver o potencial turístico-cultural da área, transformando a cidade em um destino cultural internacional, reconhecida por sua rica herança cultural.

A substituição de materiais e técnicas tradicionais por novos e a ocupação de espaços abertos nas traseiras dos lotes existentes e no seio do complexo tem sido impulsionada pela procura de novas habitações, um fator contribuinte para o qual tem sido a expansão significativa da Universidade Federal e da Escola Técnica local. Medidas têm sido tomadas em nível federal e municipal para conter essa tendência, um esforço que garantiu um sucesso modesto até à data.

Ao longo do período descrito acima, a Cidade Histórica de Ouro Preto tem recebido importantes investimentos que visam à conservação e recuperação de seu patrimônio cultural e à garantia, desta maneira, a perpetuação do site e uso para as gerações atuais e futuras.



Arquitetura clássica
Arquitetura clássica