Centro Histórico de Lima






Valor Universal Excepcional

Breve Síntese

O Centro Histórico de Lima, conhecida como a “Ciudad de los Reyes” (Cidade dos Reis), está localizado no vale de Rimac, e foi fundada pelo conquistador espanhol Francisco Pizarro em janeiro de 1535 nos territórios liderados pelo Cacique de Rimac. Lima era a politica, administrativo, Capital religiosa e econômica do Vice-Reino do Peru e a mais importante cidade dos domínios espanhóis na América do Sul. A cidade desempenhou um papel importante na história do Novo Mundo de 1542 ao século XVIII, quando a criação dos Vice-reinos de Nova Granada (1718) e de La Plata (1777) acabou gradativamente com a onipotência da mais antiga colônia espanhola na América do Sul.

O processo de evangelização trouxe várias ordens religiosas até o final do século XVI. Ganharam grande reconhecimento que se traduziu na construção de muitas igrejas e conventos de grande extensão e sofisticação. Também, hospitais, escolas e universidades foram construídas. A Universidade San Marcos foi construída em 1551. A vida social e cultural da cidade foi organizada nesses lugares, conferindo assim ao Centro Histórico uma imagem conventual que caracterizou o perfil urbano da cidade até metade do século XX. Lá, A criação e a produção artística de alto nível ocorreram e influenciaram a maioria das regiões da América do Sul. A mudança demográfica, da cidade colonial até hoje, explica as graves modificações na paisagem urbana. Poucos vestígios do centro histórico de Lima podem ser vistos na atual área metropolitana, com exceção de alguns conjuntos notáveis ​​- a Plaza de Armas (com a catedral, Capela do Sagrario, palácio do arcebispo), a Plaza de la Vera Cruz com Santo Domingo, e especialmente o complexo monumental do convento de São Francisco. Embora o desenvolvimento urbano no século 20 - a construção da Avenida Abancay em 1940 - tenha diminuído este imenso domínio, São Francisco ainda apresenta um conjunto de edifícios conventuais que é notável por sua área, sua coerência, a beleza da arquitetura e a riqueza da decoração de interiores.

Muitas das obras públicas construídas durante o período do vice-reinado são importantes monumentos históricos hoje, como a ponte de pedra sobre o rio Rímac, o Paseo de Aguas, a Alameda de los Descalzos e a Plaza de Toros de Acho localizadas no atual distrito de Rimac, e o Cemitério Geral, atualmente denominado Presbítero Matías Maestro. No século XVII, a cidade foi cercada por muralhas até 1870. Durante este período, A arquitetura de Lima mudou devido a vários terremotos fortes em 1586, 1687 e 1746. Portanto, os edifícios foram estabilizados com adobe e tijolos no primeiro andar e quincha (usada na época pré-hispânica) no segundo, melhorando assim o comportamento estrutural durante os terremotos. A arquitetura civil era caracterizada por fachadas, corredores, pátios e particularmente fechados - ou “box” - varandas, que variou ligeiramente em estilo e tipo durante o período republicano, até o final do século XIX, quando começou a “modernização” urbana e novos estilos arquitetônicos de orientação europeia, foram introduzidos. Os monumentos históricos (edifícios religiosos ou públicos, como o palácio Torre Tagle), que se encontram no perímetro do Património Mundial, datam dos séculos XVII e XVIII e são exemplos típicos do barroco hispano-americano. A arquitetura dos outros edifícios costuma ser representativa do mesmo período. Assim, apesar da adição de certas construções do século 19 (como a Casa Courret em estilo Art Nouveau) ao antigo tecido urbano, o núcleo histórico da cidade lembra Lima na época do reino espanhol do Peru.

Critério (iv)

O Centro Histórico de Lima testemunha a arquitetura e o desenvolvimento urbano de uma cidade colonial espanhola de grande importância política, importância econômica e cultural na América Latina. Representa uma expressão marcante de um processo cultural regional, que preserva sua arquitetura, tecnológica, tipológico, estética, valores históricos e urbanos adaptados em termos de disponibilidade de materiais, clima, os terremotos e as exigências da sociedade. São Francisco de Lima é um exemplo notável de conjunto conventual dos períodos coloniais da América Latina e é um dos mais completos.

Integridade

Embora seriamente danificado por terremotos (1940, 1966, 1970 e 1974), a área delimitada como Centro Histórico de Lima possui todos os elementos e características físicas que transmitem o seu Valor Universal Excepcional, dentro de uma extensão ampla o suficiente, inclusive além do traçado urbano, o Convento de São Francisco, e vários testemunhos de domésticos, público, religioso, arquitetura civil militar e industrial do século XVII ao século XX d.C.

Também, as características urbanas e de construção permanecem na zona tampão, onde se encontram muitas construções principalmente do século XIX e do início do século XX d.C. que testemunham o desenvolvimento urbano do Centro Histórico.

Além da deterioração natural que afeta a integridade material dos edifícios, o Centro Histórico de Lima sofre de fatores adicionais que o degradam em termos físicos, de Meio Ambiente, e imagem urbana. O mais evidente deles é a exploração comercial descontrolada de estruturas antigas alteradas para construir “centros comerciais populares” e a forte presença de transportes públicos e privados gerando poluição e vibrações. Além disso, a população está aumentando em decorrência da emigração proveniente de outras regiões do país para o Centro Histórico (1940:400, 000; 1990:7.000, 000 habitantes). Esses imigrantes vivem, por um preço muito baixo, em edifícios históricos tradicionais com proprietários que se mudaram para novas áreas urbanas periféricas, fazendo com que muitas pessoas vivam sob o mesmo teto, deteriorando e usando excessivamente essas estruturas. Abandono na sua conservação e manutenção - por falta de interesse, negligência, má compreensão dos valores funcionais e culturais por usuários e autoridades, bem como a falta de recursos humanos- também é evidente. Essas condições terão de ser abordadas de forma sistemática e coerente para garantir que as condições de integridade sejam preservadas. Edifícios públicos, templos e conventos geralmente são mais bem conservados.

Autenticidade

A autenticidade do Centro Histórico de Lima está intacta, pois preserva em grande parte as características originais de seu projeto de fundação urbana, como um tabuleiro de damas, e a área de expansão do século XVI ao século XIX, incluindo antigos caminhos pré-hispânicos em direção ao norte (Chinchaysuyo) e ao leste (Antisuyo).

Público, edifícios privados e religiosos geralmente preservam sua arquitetura, tecnológica, tipológico, estética, valores históricos e urbanos, que resultam da implantação de estilos europeus em diferentes etapas do processo de evolução histórica da cidade do século XVI ao século XX. Esses edifícios também se adaptaram ao ambiente regional em termos de disponibilidade de materiais, clima, terremotos e exigências da sociedade. Da mesma forma, o uso, funções e tradições relacionadas com a vida da cidade conferem ao Centro Histórico um caráter próprio, singularidade e identidade. Representa uma expressão única e irrepetível de um processo cultural regional, apesar dos terremotos, especulação imobiliária e comércio informal, entre outros aspectos. Contudo, as condições de autenticidade são ameaçadas por intervenções inadequadas que precisarão ser controladas por meio da aplicação de regulamentos e diretrizes precisas.
Requisitos de proteção e gerenciamento

O Centro Histórico de Lima está protegido pelas normas legais do país:Constituição Política do Estado; Lei Nº 28296, Resolução da Lei Geral do Patrimônio Cultural Nacional nº 2.900 de 1972 que declara a cidade antiga como Zona Monumental e os edifícios com valor patrimonial como Monumentos Nacionais, bem como a Resolução Ministerial Nº 505-74-ED de 1974, Resolução Ministerial Nº 0928-80-ED de 1980, Resolução Ministerial Nº 1251-1985-ED de 1985, Portarias Municipais Nº 009 e Nº 515 de 1989, Resolução Administrativa nº 159 de 1990 e Resolução Administrativa nº 1352 de 1991, entre outros, declarar outros edifícios como Monumentos de valor patrimonial.

Os limites do Centro Histórico de Lima, com sua proteção máxima e áreas de amortecimento, estão claramente definidas pela Portaria Municipal nº 062 do ano de 1994, emitida pela Prefeitura Metropolitana de Lima. As intervenções no patrimônio cultural são regulamentadas pelo Município e pelo Regulamento Nacional de Construção (Título IV).

O Município Metropolitano de Lima compartilha a responsabilidade pela gestão do Centro Histórico de Lima com o Município Distrital de Rimac, uma vez que pertence à área registrada. O Ministério da Cultura é o órgão governamental especializado responsável pela preservação do patrimônio cultural da Nação e junto com os referidos órgãos; coordena questões relacionadas à preservação do patrimônio cultural.

O Município Metropolitano de Lima conta com um Escritório de Controle Urbano e a Empresa Imobiliária Municipal de Lima (EMILIMA) encarregada do planejamento e elaboração dos projetos de intervenção. Desenvolveu instrumentos de gestão, tais como:Plano de Desenvolvimento Metropolitano e Plano do Centro Histórico de Lima (1987), que estabeleceu diretrizes básicas, intervenções e projetos relacionados com a situação e estrutura urbana, ambiente, uso da terra, sistema de transporte, habitabilidade e dinâmica urbana.



Arquitetura clássica
Arquitetura clássica