Brasilia






Valor Universal Excepcional

Breve síntese

Disposta ao longo de um eixo leste-oeste monumental, atravessado por um eixo norte-sul curvado para seguir a topografia como via de transporte, Brasília é um exemplo definitivo do urbanismo modernista do século XX. Criada como a capital brasileira no centro-oeste do país de 1956 a 1960 como parte do projeto nacional de modernização do presidente Juscelino Kubitschek, a cidade reuniu ideias de grandes centros administrativos e espaços públicos com novas ideias de vida urbana promovidas por Le Corbusier em blocos habitacionais de seis andares (quadras) apoiados em postes que permitiam que a paisagem fluísse abaixo e ao redor deles. O planejamento da cidade é notável pela notável congruência do projeto urbano de Lucio Costa (o ‘Plano Piloto’) e as criações arquitetônicas de Oscar Niemeyer, refletido mais poderosamente na interseção entre os eixos monumentais e da via pública, que se destaca como determinante do traçado urbano da cidade e ressalta o caráter representativo da Praça dos Três Poderes e da Esplanada dos Ministérios (Esplanada dos Ministérios), também se manifestam na geometria do Congresso Nacional e na nova abordagem da vivência urbana consubstanciada nas Unidades de Bairro (Unidade de Vizinhança) e suas correspondentes Superquadras (Superquadras).

Critério (i):Brasília é uma realização artística singular, uma criação primordial do gênio humano, representando, em escala urbana, a expressão viva dos princípios e ideais propostos pelo Movimento Modernista e efetivamente incorporados nos Trópicos por meio do planejamento urbano e arquitetônico de Lucio Costa e Oscar Niemeyer. A experiência brasileira se destaca pela grandiosidade do projeto, aquele que não apenas encerrou definitivamente uma época histórica particular, mas que estava intimamente ligada a uma ambiciosa estratégia de desenvolvimento e a um processo de autoafirmação nacional perante o mundo.

Critério (iv):Brasília é um exemplo único de planejamento urbano realizado no século 20, uma expressão dos princípios urbanos do Movimento Modernista, conforme estabelecido na Carta de Atenas de 1943, no tratado de Le Corbusier de 1946, How to Conceive Urbanism, e nos projetos arquitetônicos de Oscar Niemeyer, incluindo as construções dos três poderes (Palácio Presidencial, Supremo Tribunal e Congresso com seus prédios gêmeos ladeados pela cúpula do prédio do Senado e pelo invertido da Câmara dos Representantes), e a Catedral com seus 16 parabalóides de 40 metros de altura, o Panteão de Juscelino Kubitschek e o Teatro Nacional.

Integridade

A estrutura urbana de Brasília inclui todos os elementos necessários para demonstrar um valor universal excepcional. Uma cidade que é ao mesmo tempo urbs e civitas, Brasília preservou seus princípios orientadores originais intactos, refletido na proteção de suas escalas urbanas, legalmente protegidas por organismos locais e federais do governo do país.

A cidade se encontra hoje em meio a um processo de consolidação, de acordo com sua dupla função de cidade e capital, através da implementação contínua de novos serviços e estruturas urbanas. O bem do Patrimônio Mundial é vulnerável à pressão do desenvolvimento urbano, incluindo o aumento do tráfego e dos requisitos de transporte público. Os vários setores da cidade, conforme estabelecido no plano inicial, estão agora em processo de complementação e, na verdade, concluído, de acordo com os princípios urbanos originais. Essas mudanças de forma alguma comprometem o valor singular e excepcional do Projeto Piloto de Lucio Costa (Plano Piloto), que permanece totalmente preservado, tanto física quanto simbolicamente.

É possível com base nas áreas ainda não desenvolvidas ao redor de Brasília, os espaços verdes circundantes, e a topografia do local, distinguir claramente os limites da cidade da extensão territorial em que foi introduzida, atributos singulares que permitem a análise do site sem perder nenhuma das informações básicas essenciais para a transmissão de seu Valor Universal Excepcional contínuo.

Autenticidade

A autenticidade de Brasília é garantida pela manutenção de sua arquitetura, design urbano, e paisagens, todos os quais representam uma nova abordagem para a vida urbana, reafirmado por Lucio Costa e Oscar Niemeyer com base nos princípios do Movimento Modernista para a arquitetura e o urbanismo do século XX.

Os principais atributos do Projeto Piloto (Plano Piloto) que convergem para atribuir valor universal e excepcional a Brasília incluem:a intersecção de dois eixos e a distribuição hierárquica do sistema viário, a divisão da cidade em setores com suas respectivas características e usos finais, a rede de espaços abertos e verdes, a Esplanada dos Ministérios e estruturas representativas que compõem o Eixo Monumental (Eixo Monumental), as superquadras organizadas com base nas unidades de bairro, e, por último, Projetos arquitetônicos de Oscar Niemeyer dos principais edifícios representativos.

Esses atributos são mais bem compreendidos com base nas quatro escalas identificadas por Lúcio Costa no momento da designação de Brasília como patrimônio e preservadas como as referências orientadoras do projeto original do Projeto Piloto (Plano Piloto):uma escala monumental, que confere a Brasília a condição de capital na qual são desempenhadas as funções administrativas do país; uma escala residencial, que incorpora uma nova abordagem de vida, centrado no Eixo Via-férrea (Eixo Rodoviário) ao longo do qual se distribuem as Unidades de Vizinhança e se dividem em Asa Norte e Sul (Asa Norte e Asa Sul); uma escala social, situado na intersecção dos dois eixos - Monumental e Via pública - onde o banco, hotel, o negócio, e os setores de serviços convergem para formar a seção central da cidade; e uma escala bucólica, que permeia as outras três e é composta por grandes espaços abertos e verdes que conferem à cidade seu aspecto urbano-parque único.

Requisitos de proteção e gerenciamento

A importância de Brasília foi reconhecida desde a sua concepção. Em 1960, antes da inauguração da nova capital, a Lei Orgânica do Distrito Federal (Lei Orgânica do Distrito Federal) previa que qualquer proposta de alteração do Projeto Piloto (Plano Piloto) deveria ser submetida ao Senado Federal para apreciação. A questão só ganhou relevância a partir do início dos anos 1980, com o rápido crescimento da cidade. Em 1981, o Grupo de Trabalho para a Preservação do Histórico, Cultural, e Patrimônio Natural de Brasília (Grupo de Trabalho para Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Natural de Brasília). Composto por representantes da Fundação Nacional Pró-Memória (Fundação Nacional Pró-Memória), atualmente Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Instituto Nacional de Patrimônio Histórico e Artístico - IPHAN), o Governo do Distrito Federal (GDF), e a Universidade de Brasília (UnB), os estudos da entidade foram fundamentais para a inclusão de Brasília na Lista de Patrimônios Mundiais da UNESCO em 1987, servindo de base para o dossiê técnico que acompanhou a candidatura da cidade.

No momento, a responsabilidade primária pela preservação do local era da Secretaria de Cultura do GDF, por meio de seu Departamento de Patrimônio Histórico e Artístico (Departamento de Patrimônio Histórico e Artístico - DePHA). Esta determinação foi fundamentada no Decreto 10.829 / GDF, de 14 de outubro, 1987, instrumento legislativo submetido pelo Governo brasileiro ao Comitê do Patrimônio Mundial para servir de garantia vinculativa à proteção de Brasília e que continua em vigor até os dias de hoje. Avançar, em resposta a um pedido explícito da UNESCO naquele mesmo ano, o GDF decretou a proteção das quatro escalas da cidade, além de delimitar a área de 120 quilômetros quadrados sobre a qual foi fundada a designação federal de 1990 de Brasília como sítio histórico.

Em 1990, o Marco Urbano de Brasília foi oficialmente reconhecido como patrimônio histórico nacional. A designação foi formalmente promulgada por meio da Portaria SPHAN / PróMemória 04/90, posteriormente substituída pela Diretiva 314/92 do IPHAN, que continua em vigor.

Atualmente, o Governo do Distrito Federal e o Governo Federal exercem responsabilidade compartilhada pela gestão e proteção de Brasília por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Habitação (SEDHAB) e da Superintendência do Distrito Federal do Instituto Nacional de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN), respectivamente.

O desafio de preservar Brasília passa por avaliar as problemáticas e as demandas atuais da cidade a partir de seu planejamento urbano singular. Isso exige a adoção de uma visão de futuro para a cidade, que protege seu Valor Universal Excepcional ao mesmo tempo em que possibilita a sustentabilidade.

A Proteção do Marco Urbano de Brasília é regida por uma série de instrumentos legais que visam garantir sua preservação em três níveis operacionais:local, Federal, e global. No nível local, Foi instituído um conjunto de instrumentos normativos que consiste em leis específicas voltadas à proteção do patrimônio e um corpo de alta complexidade técnica e operacional da legislação urbana com base na Política Urbana e de Regularização Fundiária do Distrito Federal.

Algumas das principais fontes de pressão exercidas sobre o local do patrimônio incluem o desenvolvimento imobiliário, a ocupação ilegal de áreas públicas e espaços verdes, a implementação de atividades inconsistentes com o uso final de setores específicos, a invasão de propriedade privada à beira do lago, aumento do tráfego urbano, e transporte público inadequado associado à segregação socioespacial em toda a região metropolitana. Adicione a isso a dinâmica urbana das áreas circundantes em conexão com o impulso para fora do Distrito Federal, que colocou intensa pressão sobre o Projeto Piloto (Plano Piloto), requerendo que atenção especial seja dedicada à paisagem urbana da cidade, bem como à função e uso dos espaços correspondentes, onde a grande maioria dos serviços públicos, empregos, e os investimentos regionais estão concentrados, mas reside menos de 10% (9,6%) da população do Distrito Federal.

Para enfrentar esses desafios e reconhecer que a preservação e proteção da Estrutura Urbana de Brasília não pode ser dissociada do desenvolvimento urbano da cidade, um Plano de Preservação da Estrutura Urbana para Brasília (Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília - PPCUB) será o principal instrumento de planejamento, preservando, e a gestão da área protegida e a coordenação das ações e agentes envolvidos no desenvolvimento urbano de Brasília.



Arquitetura clássica
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